Setembro é conhecido por ser o mês da conscientização sobre a prevenção do suicídio. Durante esse mês, são realizadas várias ações em prol da saúde mental dos brasileiros.
Cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos.
Só no Brasil foram registrados 13.467 casos, a grande maioria (10.203) entre homens, segundo a Organização Mundial da Saúde.
São diversos os fatores de risco que desencadeiam esses transtornos mentais relacionado ao trabalho, carga genética, variáveis sócio-demográficas, instabilidade financeiras, questões psicossociais, mas um motivo que tem se destacado recentemente está diretamente relacionado à aspectos socioprofissionais.
Só no ano de 2017, aproximadamente 93 mil pessoas foram afastadas pelo INSS por conta de transtornos depressivos e ansiosos. Esse número aumenta quando avaliadas as demais patologias mentais.
O adoecimento mental entre os trabalhadores está ocorrendo por conta da sobrecarga de trabalho, por problemas no clima organizacional, instabilidade financeira, condições insalubres de trabalho, exposição aos riscos ocupacionais (físicos, químicos e biológicos), insegurança de ficar fora do mercado de trabalho ou até mesmo, da junção de todos esses fatores que impactam negativamente na saúde do trabalhador.
Uma prova viva da gravidade do tema é o exposto no caso da France Télécom, empresa francesa que está sendo julgada por assédio moral por conta do suicídio de 35 funcionários entre os anos de 2008 e 2009.
Na maioria dos casos, as vítimas claramente culparam a empresa pelo seu desespero e opção pelo suicídio, algumas deixando até cartas sobre a empresa ser o motivo de seu suicídio
Esse episódio foi estudado por pesquisadores franceses que concluíram problemas claros no clima organizacional da empresa, com desestruturação do apoio coletivo nos espaços de trabalho pela busca incessante por melhores resultados, avaliações individualizadas com punição pelo erro e ausência de reconhecimento dos acertos, e falta de respeito por padrões éticos nas relações de trabalho, eles explicam que atitudes como essa são lugar ao isolamento, à depressão e ao suicídio.
Segundo esse estudo, o suicídio entre os profissionais da agropecuária, do sexo masculino em sua maioria, cresceu na seguinte proporção: 16,6 por 100 mil habitantes em 2007, aumentando para 18,6 em 2011 e terminando o ano de 2015 com 20,5 por 100 mil habitantes, representando o dobro da média nacional de suicídio em cada ano.
Como já dito anteriormente, o suicídio tem causas multifatoriais, que envolvem questões psicossociais ou por questões de exposição ocupacional (por fatores químicos, físicos ou biológicos).
Nesse cenários existem algumas variáveis que permitem uma associação entre o suicídio e a exposição constantes a produtos químicos, que são os principais componentes dos agrotóxicos tão utilizados por essa categoria concomitantemente ao fato desses trabalhadores, em sua maioria, serem de baixa renda, terem instabilidade no emprego, sofrerem muita pressão por produtividade e terem acesso limitado à educação e à serviços de saúde de qualidade.
Um mesmo trabalho pode contribuir para o desenvolvimento da identidade e da autonomia de um trabalhador, ou, ao contrário, servir de instrumento para sua desestruturação psíquica.