Todos os dias, milhões de trabalhadores são expostos a situações que, muitas vezes, passam despercebidas, mas que representam riscos sérios à saúde, à segurança e à produtividade.
Entender o que são riscos ocupacionais e como identificá-los é o primeiro passo para promover um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente, além de garantir conformidade com a legislação trabalhista e evitar prejuízos.
Os riscos ocupacionais são todos os agentes ou situações presentes no ambiente de trabalho que podem causar danos à saúde física, mental ou social dos trabalhadores.
Esses riscos, quando não identificados e controlados adequadamente, podem resultar em acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, afastamentos e até mesmo em processos judiciais e penalidades legais para as empresas.
No Brasil, o tema é amplamente regulamentado por um conjunto de normas, sendo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e as Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho as principais referências.
A NR 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, por exemplo, exige que todas as empresas realizem a identificação, avaliação e controle de riscos ocupacionais, por meio do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Além disso, a NR 09, que trata da avaliação e controle da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, e a NR 07, que institui o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), reforçam a importância da prevenção como obrigação legal e estratégica. O descumprimento dessas normas pode acarretar multas, interdições e responsabilidades civis e criminais para os empregadores.
Portanto, mais do que uma boa prática, a gestão dos riscos ocupacionais é um dever legal e ético, essencial para preservar a saúde dos colaboradores e a sustentabilidade da operação empresarial. A adoção de medidas preventivas é o primeiro passo para construir ambientes de trabalho seguros, saudáveis e produtivos.
Os riscos ocupacionais são classificados em cinco categorias principais, conforme as normas da segurança do trabalho:
Incluem exposição a ruídos, vibrações, radiações, temperaturas extremas, pressão anormal, entre outros. Um exemplo comum é o trabalho em ambientes com muito barulho, como fábricas.
Referem-se à exposição a substâncias químicas perigosas, como gases, vapores, poeiras e produtos tóxicos. São frequentes em indústrias químicas, laboratórios e setores de limpeza.
Envolvem o contato com vírus, bactérias, fungos e parasitas. Profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros, estão entre os mais expostos.
Relacionam-se a condições inadequadas de trabalho que afetam o bem-estar físico e mental, como má postura, repetitividade de movimentos e jornadas excessivas.
Envolvem o uso de máquinas sem proteção, quedas, cortes, choques elétricos, entre outros. São comuns em obras e ambientes industriais.
Gerenciar os riscos ocupacionais não é apenas uma exigência legal, é uma medida estratégica que impacta diretamente os indicadores da empresa. Reduzir acidentes e afastamentos significa:
Menor absenteísmo
Redução de custos com saúde e indenizações
Maior produtividade e engajamento
Cumprimento da legislação trabalhista
Além disso, empresas que investem em segurança e saúde ocupacional constroem uma imagem mais positiva e responsável no mercado.
A identificação de riscos ocupacionais é o primeiro e mais importante passo para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Nenhuma medida de prevenção ou controle será eficaz se os riscos não forem devidamente reconhecidos.
A partir de uma identificação bem-feita, a empresa pode avaliar, priorizar e tratar os perigos que colocam em risco a integridade física e mental dos colaboradores.
A não identificação de riscos pode resultar em:
Acidentes de trabalho
Doenças ocupacionais
Afastamentos e perda de produtividade
Multas e sanções legais
Prejuízo à imagem da empresa
Já uma boa identificação permite decisões estratégicas para proteger pessoas, otimizar processos e economizar recursos.
O ponto de partida é o entendimento profundo sobre as atividades desenvolvidas pela equipe: tarefas, materiais utilizados, máquinas e ferramentas, fluxo de trabalho, postura adotada e ambiente físico. Isso permite mapear onde podem surgir riscos.
A observação direta é uma das formas mais eficazes de identificação. Visitas técnicas aos postos de trabalho ajudam a reconhecer situações perigosas que nem sempre estão documentadas.
Os próprios colaboradores são fontes valiosas de informação. Ao ouvir suas percepções sobre desconfortos, dificuldades e incidentes já vivenciados, a equipe de Saúde e segurança do trabalho pode identificar riscos que passariam despercebidos em uma análise puramente técnica.
A investigação de acidentes, laudos técnicos, exames médicos ocupacionais, histórico de afastamentos e relatórios de auditorias anteriores pode revelar riscos recorrentes ou negligenciados.
Algumas ferramentas auxiliam no processo de identificação de forma sistematizada:
Mapa de Riscos
Representação visual dos riscos por setor, categorizados por tipo e intensidade.
APR (Análise Preliminar de Riscos)
Avalia os perigos de cada atividade antes da sua execução, especialmente útil em obras e tarefas críticas.
Listas de verificação (checklists)
Guias padronizados que ajudam a não esquecer nenhum aspecto relevante da análise.
Laudos técnicos e medições ambientais
Como o LTCAT, PPRA (substituído pelo PGR) e avaliações quantitativas de agentes físicos, químicos e biológicos.
Garantir a segurança e a saúde dos colaboradores vai além do cumprimento legal, é uma estratégia essencial para melhorar o desempenho organizacional, reduzir custos com afastamentos e fortalecer a cultura de prevenção. A seguir, veja as principais boas práticas para reduzir os riscos ocupacionais de forma eficaz e contínua.
Como dito anteriormente, antes de qualquer ação, é fundamental identificar os perigos presentes no ambiente de trabalho. Isso deve ser feito por meio de inspeções, observações, entrevistas com colaboradores e análises de documentos como o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos). O uso de ferramentas como o Mapa de Riscos ajuda a visualizar, por setor, os principais agentes de risco.
Após identificar os perigos, é necessário avaliar o grau de risco de cada um, considerando a probabilidade de ocorrência e a gravidade dos possíveis danos. Essa etapa permite estabelecer prioridades de intervenção, evitando desperdício de recursos e falhas no controle.
Com base na avaliação, devem ser aplicadas as medidas de controle adequadas. Elas podem ser:
Eliminação ou substituição da fonte de risco (controle na origem)
Adoção de proteções coletivas (como enclausuramento de máquinas e ventilação)
Adequações ergonômicas nos postos de trabalho
Implantação de procedimentos operacionais seguros
Uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), quando necessário
Treinamentos regulares sobre segurança do trabalho, uso correto de EPIs, prevenção de acidentes e ergonomia são essenciais para manter a equipe consciente e engajada. É importante que os conteúdos sejam atualizados conforme os riscos identificados e mudanças nas atividades.
Criar um ambiente onde a segurança é valorizada por todos fortalece a prevenção. Isso envolve:
Comunicação clara e frequente sobre práticas seguras
Envolvimento da liderança no exemplo e incentivo
Estímulo à participação dos colaboradores na identificação de melhorias
Reconhecimento de comportamentos seguros
A prevenção de riscos ocupacionais exige um processo cíclico e contínuo. É necessário monitorar indicadores, realizar auditorias internas e revisar periodicamente os programas de SST (como PGR e PCMSO), especialmente após acidentes, quase-acidentes ou mudanças nas atividades.
A integração entre as ações de segurança e os dados de saúde dos trabalhadores, como exames médicos periódicos, queixas recorrentes e histórico de afastamentos, permite uma atuação mais proativa e eficaz na redução de riscos, especialmente os relacionados a ergonomia e fatores psicossociais.
O controle de riscos ocupacionais é um dos pilares da segurança no trabalho. Ao adotarem práticas preventivas, as empresas não apenas protegem seus colaboradores, como também aumentam sua eficiência operacional e reputação institucional.
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